Ler Frantz Fanon não é trabalho fácil, pelo menos não o é para mim. Inicialmente chega a incomodar pelo choque que causa durante a leitura, contudo a densidade do psicólogo torna cada argumento difícil de contestar. O racicínio do autor franco-martinicano orbita entre a análise histórica e a psicológica — do colonialismo, os subsequentes traumas culturais à sutileza das práticas racistas nas relações inter-raciais. No séc. XVII, precisamente em 1635, vários prisioneiros negros da África Ocidental foram levados às Pequenas Antilhas para trabalharem na plantação de cana-de-açucar, cacau, rum e algodão. Estes homens e mulheres repovoaram os actuais departamentos insulares do Estado gaulês, inclusivamente a Martinica (terra natal do autor). Com apenas vinte e poucos anos, Fanon mudou-se da pequena ilha caribenha para França a fim de dar sequência aos estudos. Posto lá, percebeu que para os Franceses ele não era Francês. Era apenas descendente de “pretos de África”. Na a