A morte de Afonso deixou a família sem eira nem beira. «Era um homem de cérebro profícuo, bastante reflexivo e sonhador», pensava Mendes, o irmão que o seguia na linhagem e que, por vias travessas e logros da adolescência, rumou para marinha. A mãe chorava de tão inconsolada, foi a Afonso que confiou um bom futuro. Parecia ter bom futuro; ao menos, o desempenho académico asseverava tal facto. O coração estóico e o olhar militarizado do pai elidiam até a mínima névoa de dor que transparecesse; alguns o julgavam insensível, augurava-se uma reacção menos retesa e mais humana. Num súbito ataque cardíaco, a primogenitura de nove irmãos “desmapeou-se” para Sempre. O que é precisamente Sempre? Nunca mais. Assim é o cíclo vital: nunca mais será sempre. Amigos, colegas, vizinhos e outros (que não conheço) recordavam alguns momentos passados com o ex-vivo. —Foi uma boa pessoa. Deus o manterá em Sua memória— disse uma possível amiga, mesmo sabendo que Afonso era descrente. Os outros con