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A mostrar mensagens de dezembro, 2019

INTROSPECÇÃO — O VALOR DAS COISAS — pt. 22

Era noite de Cacimbo, mas não uma noite qualquer. Havia um frescor diferente naquela noite. Era uma noite masturbativa. Samuel chegou a casa repleto de sorrisos, pois o relógio biológico profetizara aquele momento: as primeiras horas de uma curta folga. As paredes exalavam solidão, as mobílias gritavam no silêncio do desuso, excepto a cama. A cama sempre teve utilidade, contudo a felicidade dela, naquele instante, ia além de qualquer perspectiva utilitarista. Não seria apenas um leito, seria parte de uma fantasia sexual. Cada movimento tinha de ser calculado. A delicadeza mantinha a libido em alta. Não mais a grotesca e primata forma de segurar o pênis, a mentalidade ocidental não permitia. O contacto peniano começava com o reavivamento da memória. Sim, uma memória que trouxesse a presença de um vulto feminino de cara angelical, seios aveludados e bunda generosa — um espírito felino e totalmente virgem. A conexão paradisíaca foi interrompida por um inevitável contra