Todo processo criativo da obra inicia na França do séc. XVI. Etiéne de La Boétie, tradutor de obras helénicas, sentiu-se impelido à escrita depois de ter constatado uma 'injustiça tributária' – era o imposto sobre o sal. Datando de 1563, ano em que morre o autor, o «Discurso sobre a Servidão Voluntária» é considerado por muitos um hino à liberdade. Não propriamente uma obra de teor político, mas uma reflexão pungente sobre a tirania. Para La Boétie, o «governo de um só homem» – a monarquia – é sempre um risco, pois acaba sempre em tirania. Mas, o cerne da obra está no povo que serve voluntariamente o tirano. La Boétie considerava isso uma renúncia tácita à liberdade e cria que era «o próprio povo que forjava as mentiras em que posteriormente acreditava». Na obra, o autor também trata da importância da amizade. Talvez subentendesse a relação de «estima mútua» que mantinha com Montaigne, o amigo mais próximo, mas o certo é que para La Boétie, a