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A mostrar mensagens de maio, 2018

Haverá alguma liberdade quando se autoriza alguém a reprimir a vontade colectiva?

      Todo processo criativo da obra inicia na França do séc. XVI. Etiéne de La Boétie, tradutor de obras helénicas, sentiu-se impelido à escrita depois de ter constatado uma 'injustiça tributária' – era o imposto sobre o sal.    Datando de 1563, ano em que morre o autor, o «Discurso sobre a Servidão Voluntária» é considerado por muitos um hino à liberdade. Não propriamente uma obra de teor político, mas uma reflexão pungente sobre a tirania.    Para La Boétie, o «governo de um só homem» – a monarquia – é sempre um risco, pois acaba sempre em tirania. Mas, o cerne da obra está no povo que serve voluntariamente o tirano. La Boétie considerava isso uma renúncia tácita à liberdade e cria que era «o próprio povo que forjava as mentiras em que posteriormente acreditava».   Na obra, o autor também trata da importância da amizade. Talvez subentendesse a relação de «estima mútua» que mantinha com Montaigne, o amigo mais próximo, mas o certo é que para La Boétie, a

O olhar de um Africano sobre uma “África enegrecida”...

   Trata-se, aqui, de mais uma obra densa, caracterizada por uma senilidade académica invejável, e bastante proveitosa, até mesmo quando é lida passionalmente. Tal como qualquer obra, esta é neutra: pode servir para incitar debates e investigações ulteriores; pode gerar sentimentos reaccionários; e, sendo este ponto mais constatável, pode gerar um séquito de fundamentalistas africanos.    Antes de fazer uma abordagem sobre a história de África, neste livro, Boubacar Namory Keita, autor maliano, doutorado em Ciências Históricas, julga fundamental que se façam alguns ajustes metodológico e conceptual, para que “a verdade histórica” seja reposta integralmente. O autor critica, em certa medida, muitos historiadores que se apegam somente aos métodos de análise clássica, que reduzem a História a simples factos e datas, e acabam por postergar aspectos  que fazem da presença humana digna de ser registada para posteridade, (...)“sem profundidade histórica não pode haver identidade&quo

Sapiens — Um Breve Reforço da “visão ocidental” de Humanidade

   Leitura finda. Não foi exactamente aquilo que ansiava do livro. Se o fosse, entretanto, não teria graça nenhuma. Esta obra é uma proposta interessante e recomendável para se pensar e questionar sobre a história da humanidade, embora reforce apenas aquilo que já se sabe minimamente sobre a visão eurpeia.     Yuval Noah Harari é um historiador israelense que se tem destacado imenso em pesquisas sobre o processo de hominização, revolução agrícola e revolução científica sem preterir a relevância da genética humana.    A verve do autor parte do instante em que os hominídeos transitam para a fase do polimento da matéria pétrea, — Neolítico — que se consubstanciou  na sedentarização e na intervenção directa do homem na produção (agricultura, pecuária e cerâmica). O autor garante algo com o qual todos obviamente concordamos: a evolução do homem é inevitável e interminável. A história segue o curso normal.   Quando trata da “Unificação da Humanidade”, rememora a posição con