Segundo a mitologia grega, havia um jovem chamado Ícaro na Ilha de Creta. Devido a uma situação, Ícaro foi obrigado a partir com o pai, Dédalo, para a ilha mais próxima: Sicília. Pai e filho tiveram de usar asas artificiais para diminuir o tempo de viagem. Contudo, o jovem Ícaro não levou em consideração o aviso do pai de que não podia voar alto demais para não ser queimado pelo Sol nem baixo demais para não acabar caído no mar. Compenetrado pelo ego, Ícaro voou até ao Sol, queimou-se e caiu no mar que, hoje, se conhece por Icária. Dédalo, entretanto, seguiu caminho à Sicília.
No mundo em que vivemos, a ousadia é sagrada. É sinónima de juventude e jovialidade. Nós, jovens, supondo que o leitor também seja jovem como eu, vivemos cheios de certezas. Raras são as nossas dúvidas. Sabemos sempre o que fazer. Quando tudo dá para o torto, encontramos sempre os nossos invejosos. Desvincular-se das responsabilidades é também parte de nossos tempos.
É muito provável que Ícaro culpasse o pai pelo sucedido. Costumamos encarar a reflexão, o planeamento, a estratégia e a paciência como sinais de idade avançada. Com o advento do empreendedorismo, nublamos o outro porque julgar-se especial vende mais. A palavra especial é uma palavra essencialmente comparativa. Se há alguém assim, tem de haver quem não o seja. Somos Ícaro, quando ousamos de forma desmedida. Somos Dédalo, quando planeamos e temos em mente nossas limitações.
Comentários
Enviar um comentário