Avançar para o conteúdo principal

JUDAÍSMO - DO MESSIANISMO AO SIONISMO

Resultado de imagem para judaismo

O Judaísmo é uma religião muito antiga, que surge no continente asiático há cerca de 4000 anos. Caracteriza-se por ser monoteísta e exclusiva a um povo (ver Deuteronómio 6:4). No início, foi uma religião fechada, reservada a algumas tribos tementes a “um só Deus” — o qual não permitia que se criasse alguma figura em sua representação tampouco que se adorasse a outros deuses. Segundo a Torá (designação judáica para os cinco livros de Moisés), YHWH, ou Yavé, escolheu um povo e conduziu-o a Canaã (actual Palestina) que, a posteriori, passou a designar-se Israel, a Terra Prometida.

— O PACTO E A LEI

Resultado de imagem para judaismo

Nenhum outro livro atesta a origem do povo judeu senão o primeiro do pentateuco mosáico: o Bereshit (Génesis). A história principia no sul da Mesopotâmia, perto do rio Eufrates, na terra de Ur. Conta o relato que o Deus-criador selou um pacto com um homem, de 75 anos, chamado Abram ou Abrão (que passado algum tempo se torna Abraão), e orientou-lhe que abandonasse aquele território para rumar “aonde o Senhor lhe mostrasse” (ver Gén 12:1). Ele obedeceu, piamente, ao orientador e partiu com a esposa, Sara, e o sobrinho, Ló.

Sara era estéril e já estava velhinha. Abraão precisava de descendência; então se envolvera com Agar, a concubina egípcia, que gerou Ismael. Deus, entretanto, concedeu a Sara um filho. Aos noventa anos, ela deu à luz Isaac, circuncidado no oitavo dia de vida. Isaac tornou-se pai de Jacó, do qual descenderam as Doze Tribos de Israel. Deus cumprira o pacto de tornar Abraão patriarca de “uma grande nação”.
Volvidos alguns anos, o povo de Israel, especificamente os Hebreus da Tribo de Judá, foi mantido escravo no Egipto e, mais uma vez, Deus apareceu a um homem: Moisés, o profeta libertador. O livro de Números, no versículo 3 do capítulo 12, descreve-o como “o mais humilde dos homens na superfície do solo”. Moisés, nascido em 1593 AEC, foi o único Hebreu a crescer no seio da realeza egípcia contra a qual se rebelou mais tarde. Afrontou os deuses egípcios e mostrou, comprovadamente, que o Deus judáico era maior. Por fim, conseguiu libertar a nação hebráica e encetou a jornada de retorno a Canaã. Moisés subiu ao Monte Sinai e recebeu de Deus a base da religião judáica — os Dez Mandamentos. Desde então a identidade judaica não só dependia da circuncisão, realizada uma semana após ao nascimento; mas também do cumprimento da Lei.

Josué tomou dianteira no lugar de Moisés e encaminhou o povo a Canaã, a Terra Prometida, onde se ergueu o reino de Israel. No reinado de Davi, em 1077 AEC, Jeová fez outro pacto. Deus garantiu que o trono de Israel permaneceria para a estepe de Davi e, acrescentou, que proviria dela o Messias, cujo reinado abrangeria todas as nações do mundo (ver Gên 22:18; 2 Sa 7:8–7; Za 9:9,10). No fim do reinado salomônico, o reino dividiu-se em duas tribos: Judá e Israel. Daí alicerçou a esperança numa liderança messiânica que restaurasse o reino e dominasse a humanidade.

— SINCRETISMO RELIGIOSO-CULTURAL
(Babilônios, Persas, Gregos e Romanos)



O tempo removeu a substância da Lei. Os Israelitas passaram a construir imagens de adoração, mesmo tendo ciência que o Deus abraâmico abominava toda forma de idolatria. Devido a tais práticas, alguns profetas, dos quais se destacaram Isaías, Jeremias e Ezequiel, advertiram que chegaria uma punição para toda Israel. No começo do sétimo século AEC, emergia um império que provocava temor: Babilónia, a Grande. O exército babilónico invadiu Israel, destruiu o Templo de Jerusalém (onde se guardavam as tábuas da Lei dadas a Moisés) e levou os Judeus ao cativeiro, no qual se mantiveram sob influência da cultura babilónica durante 70 anos. Os Israelitas foram libertos por Ciro, rei persa. O Templo de Jerusalém foi reconstruído, contudo a cultura judáica já tinha agregado elementos das culturas cananeia, babilónica e persa, inclusivamente os deuses das respectivas culturas. Outro império começava a ganhar espaço; tratava-se da Grécia Antiga, o primeiro império mediterrânico.

Na era áurea, as cidades-estado gregas apresentavam um índice demográfico acima da média, o que, por conseguinte, gerou a dispersão de "helenos" por vários lugares. O imperador Alexandre, o Grande, dominou todo o Médio Oriente, pondo termo à era de dominação persa. A cultura, a língua e a filosofia helénicas foram absorvidas pelos Judeus de tal modo que, no terceiro século AEC, 72 rabinos se empenharam em traduzir a Lei do hebraico para o grego — tradução conhecida como Septuaginta. Os Gregos foram superados pelos Romanos. Roma tinha o maior exército da época, de tal forma que conquistaram muitas terras e subtraíram muitos povos. No primeiro século, um jovem galileu ganhou a fama de ser o Messias "profético". Yeshua foi um subversivo no meio judáico; pregou ideias adversas à ortodoxia e fez "milagres". No ano em que morreu, provavelmente em 30 EC#, constituíam-se as primeiras comunidades cristãs dirigidas por anciãos (do grego, presbyteros) tidos como superintendentes ou bispos (do grego, episkópos).

Inicialmente, nestas pequenas ecclesias somente judeus-cristãos podiam fazer parte. No ano 49 EC, Pedro, Paulo e Tiago concordaram que até não-judeus poderiam tornar-se cristãos (reunião conhecida como Concílio de Jerusalém). Assim Pedro, aclamado primeiro papa por cristãos-católicos, pregou e baptizou o primeiro gentio incircunciso: Cornélio, o centurião de Cesareia. Em 70 EC, irrompeu-se uma série de revoltas judáicas que encolerizaram as autoridades do império. Os Romanos destruíram o Templo de Jerusalém e impuseram um imposto para os judeus — ocorrências que levaram muitos judeus à Diáspora e determinaram a separação entre o Cristianismo primitivo e o Judaísmo conservador.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

ANGOLA – Dez Anos de Desconcentração e Descentralização Administrativas

Fruto de um «destacamento» autoral douto no assunto, o livro procura descrever como decorre a autarcização em Angola, distrinçando [de forma pouco clara] desconcentração de descentralização. A obra apresenta uma dimensão histórica, pois incorre nas guerras colonial e civil angolanas que, conforme subjaz na escrita, foram o corolário de muitas fragilidades conjunturais do Estado; dimensão funcional, com enfoque para reforma administrativa, operacionalidade dos serviços públicos, Programa de Desenvolvimento Nacional (PDN) e sub-programas, como os Programa de Desenvolvimento Municipal (PDM), Programa Nacional de Formação de Quadros, Programa de Combate à Pobreza, planos directores e sectoriais; dimensão sociológica, destacam-se a formação de recursos humanos, os Conselhos de Concertação e Auscultação Social (CACS) e as assimetrias regionais. Os nove autores apontam para os desafios e as ameaças de um poder descentralizado. Desde 2007 que se priorizam mudanças na planificação

INTROSPECÇÃO – O ESTRANGEIRO NATIVO – pt.13

Volvidos 4 anos de estudos intensos na diáspora, Afonso voltava ao País que o viu surgir. Era aguardado com bastante expectativa. Os parentes orgulhavam-se pelo feito; em África, quanto mais modos europeus a pessoa tiver maior será o júbilo e o prestígio da família.  Os amigos recebiam-no com abraços acalorados.  Serão verdadeiros? Quem identifica falsida de no outro é tão falso quanto ele. A dissimulação é humana, aceitar que se é dissimulado não.  Afonso mastigava de modo camoniano o português enquanto discorria sobre seus projectos e realizações. Todos boquiabertos e aparvalhados se prestavam para ouvir aquela apoteótica deidade. Nascia entre as crianças uma névoa de esperança que solidificava o desejo hereditário pelas proezas do Ocidente. Embora fossem física e emocinalmente diferentes, as mulheres não conseguiam impedir a actuação da natureza atrelada ao senso comum: homem bonito, bem-apessoado, realizado e culto. Elas flertavam auditivamente. Os homens ensopavam-

INTROSPECÇÃO — À IMAGEM DO PAI DO OUTRO — Parte 30

Nove meses depois, lá estava aquela nova e minúscula criatura com feições humanas e futuro indecifrável. Talvez seja alguém importante; mas, como a luta para ser-se alguém é demasiado agressiva, é mais provável que seja só mais um diabrete frustrado.  O parto foi um pesadelo. Maria estava extenuada, se não fosse pela pressão familiar, teria abortado. E o pai? Bem, havia um homem do outro lado da vidraça a quem se atribuira a paternidade. José bradava de alegria ao ver o filho. Ou é melhor dizer enteado? De qualquer jeito, ele não sabe. «Privar um homem de uma verdade trágica é assegurar a sua felicidade», pensava Maria. — Que filho lindo, tu me deste, amor! — disse José emocionado à mulher. Maria desenhou um sorriso forçado, enquanto lhe lia as convulsões do rosto. José acreditava piamente que a parceira lhe era fiel; nem mesmo depois do casamento, cogitara a hipótese de ela já não ser virgem. Uma hipótese inexistente quando o mínimo de experiência sexual se resume à púbere fricção pen