Avançar para o conteúdo principal

ANGOLA – Dez Anos de Desconcentração e Descentralização Administrativas


Fruto de um «destacamento» autoral douto no assunto, o livro procura descrever como decorre a autarcização em Angola, distrinçando [de forma pouco clara] desconcentração de descentralização.

A obra apresenta uma dimensão histórica, pois incorre nas guerras colonial e civil angolanas que, conforme subjaz na escrita, foram o corolário de muitas fragilidades conjunturais do Estado; dimensão funcional, com enfoque para reforma administrativa, operacionalidade dos serviços públicos, Programa de Desenvolvimento Nacional (PDN) e sub-programas, como os Programa de Desenvolvimento Municipal (PDM), Programa Nacional de Formação de Quadros, Programa de Combate à Pobreza, planos directores e sectoriais; dimensão sociológica, destacam-se a formação de recursos humanos, os Conselhos de Concertação e Auscultação Social (CACS) e as assimetrias regionais.

Os nove autores apontam para os desafios e as ameaças de um poder descentralizado. Desde 2007 que se priorizam mudanças na planificação das localidades. Adstrita ao decreto-lei n.° 2/07, de 3 de Janeiro, já constava, formalmente, a incumbência das administrações municipais gerirem recursos financeiros, ainda que houvesse, seguidamente, uma prestação de contas.

Após a Constituição de 2010 definir o «gradualismo» processual que conduziria às autarquias no País, a Lei n.° 17/10, de 29 de Julho, veio dissipar as dúvidas em relação à organização e ao funcinamento dos órgãos da administração local do Estado. Entendem os autores que a descentralização deve ocorrer em três níveis: administrativo, financeiro e fiscal.

Outro ponto assente, não menos importante, são as lições tiradas de outros países que fizeram adesão ao modelo de Poder Local, como África do Sul e Moçambique.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

INTROSPECÇÃO – O ESTRANGEIRO NATIVO – pt.13

Volvidos 4 anos de estudos intensos na diáspora, Afonso voltava ao País que o viu surgir. Era aguardado com bastante expectativa. Os parentes orgulhavam-se pelo feito; em África, quanto mais modos europeus a pessoa tiver maior será o júbilo e o prestígio da família.  Os amigos recebiam-no com abraços acalorados.  Serão verdadeiros? Quem identifica falsida de no outro é tão falso quanto ele. A dissimulação é humana, aceitar que se é dissimulado não.  Afonso mastigava de modo camoniano o português enquanto discorria sobre seus projectos e realizações. Todos boquiabertos e aparvalhados se prestavam para ouvir aquela apoteótica deidade. Nascia entre as crianças uma névoa de esperança que solidificava o desejo hereditário pelas proezas do Ocidente. Embora fossem física e emocinalmente diferentes, as mulheres não conseguiam impedir a actuação da natureza atrelada ao senso comum: homem bonito, bem-apessoado, realizado e culto. Elas flertavam auditivamente. Os homens ensopavam-

INTROSPECÇÃO — À IMAGEM DO PAI DO OUTRO — Parte 30

Nove meses depois, lá estava aquela nova e minúscula criatura com feições humanas e futuro indecifrável. Talvez seja alguém importante; mas, como a luta para ser-se alguém é demasiado agressiva, é mais provável que seja só mais um diabrete frustrado.  O parto foi um pesadelo. Maria estava extenuada, se não fosse pela pressão familiar, teria abortado. E o pai? Bem, havia um homem do outro lado da vidraça a quem se atribuira a paternidade. José bradava de alegria ao ver o filho. Ou é melhor dizer enteado? De qualquer jeito, ele não sabe. «Privar um homem de uma verdade trágica é assegurar a sua felicidade», pensava Maria. — Que filho lindo, tu me deste, amor! — disse José emocionado à mulher. Maria desenhou um sorriso forçado, enquanto lhe lia as convulsões do rosto. José acreditava piamente que a parceira lhe era fiel; nem mesmo depois do casamento, cogitara a hipótese de ela já não ser virgem. Uma hipótese inexistente quando o mínimo de experiência sexual se resume à púbere fricção pen