Graças às lutas emancipalistas, o combate contra a misoginia e a desigualdade salarial entre homem e mulher tem sido um êxito. A mulher é tão capaz quanto o homem. Já é consabido (por mim e você). Hoje por hoje, já se sabe que o discurso falocéntrico é um sinal de retrocesso.
Tentar reduzir o sucesso feminino às achas da cultura da prostituição é, claramente, demonstração de falta de lucidez. É a primeira vez em toda história que o grito das mulheres é ouvido, homogeneamente, em todo mundo; decerto que ainda há muito por se fazer.
Nos dias que correm, notamos que o oponente da feminista não é o machista. O machista é somente o “objecto aversivo” que, adversamente, dá à luz toda emanação feminista. As feministas têm o sucesso encravado por causa das “powerpuff girls” — mulheres que lutam contra a mudança e promovem, de modo servil e sádico, a coisificação da mulher.
As “powerpuff girls”, diga-se, não são conservadoras, são a nova vaga de libertinas que prestam o corpo como templo de adoração. Não há mal nenhum em ser conservador ou liberal, desde que não se rompam as bases da dignidade humana. As “powerpuff girls” sempre existiram, mesmo antes de Simone de Beauvoir defender o feminismo.
Sem desprimor a história, ainda que isso pareça um anacronismo; no Egipto, na família das lágidas, Cleópatra VI, a primeira mulher poliglota de que se tem registo, deu o corpo a Júlio César e, ulteriormente, a Marco António, para garantir um lugar ao sol.
As heteras da Grécia, que eram mulheres instruídas, embora não pudessem ter participação na Politeia, auferiam de posições privilegiadas de amantes e “ghost-guide” — como Aspásia (amante e conselheira política de Péricles).
Os sumérios encontravam serviços sexuais por onde quer que fosse, pois eram comerciantes que navegavam os mares frequentemente — segundo Samuel N. Kramer, em “A História Começa Na Suméria”. Nas Idades Média e Moderna, as cortesãs dos impérios britânico e francês que não viam nenhum mal nisso, como Madame de Pompadour.
Não se objectiva aqui criticar a história nem mostrar conhecimento dela. Tenciona-se reflectir sobre a possibilidade da coisificação da mulher ser consequência da vida em sociedade (sobretudo europeia, já que as sociedades africanas eram matriarcais) e parte da aceitação tácita de muitas mulheres nos tempos hodiernos. As “powerpuff girls” lutam para defender a vontade geral.
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